segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ausência - Vinicius de Moraes




Eu deixarei que morra em mim o desejo
de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa
de me veres eternamente exausto
No entanto a tua presença é qualquer coisa
como a luz e a vida

E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto
e em minha voz a tua voz
Não te quero ter porque
em meu ser está tudo terminado.
Quero só que surjas em mim
como a fé nos desesperados

Para que eu possa levar uma gota de orvalho
nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne
como uma nódoa do passado.
Eu deixarei ... tu irás e encostarás
a tua face em outra face

Teus dedos enlaçarão outros dedos
e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu,
porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei a minha face
na face da noite e ouvi a tua fala amorosa

Porque meus dedos enlaçaram os dedos
da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência
do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só
como os veleiros nos portos silenciosos

Mas eu te possuirei mais que ninguém
porque poderei partir
E todas as lamentações do mar,
do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente,
a tua voz serenizada.

Vinicius de Moraes

domingo, 24 de outubro de 2010

Efemeridade



Olho-me no espelho
e não vejo nada
além das sombras
do meu pensamento,

vagando, silencioso
neste triste sentimento
que do meu peito
desperta,
sem medo

prendendo-me
em um mundo paralelo
ao que estou vivendo

E mesmo tão presa
tão impotente
luto para sair
e viver um pouco
o que há além de mim

pois não há muito tempo,
quando menos se espera
tudo cessa,
tudo se vai
como levado pelo vento.

Gleice Solozabal

Desprecio


No sé lo que mi corazón
quiere decir,
pero veo sus labios
en fuertes gritos de dolor.

Como deseo tu voz oír
acá em mi pecho
pero no lo escucho
no lo siento
no lo veo

Creo que está muerto
y yo solo olvidé
sin saber
lo que tanto
él queria decir.

Gleice Solozabal

Pertubação




Deixe meus sonhos
caírem em suas mãos
doces como o mel
venenosos como um ferrão.

deixe que se impregne
nos teus enganosos lábios
nestes olhos mentirosos
de falso desagrado

Em ver-me assim,
tão perto de ti

Do teu corpo, estremecido
invadindo tua
inconstante presença
com todo o meu corpo
e todo o meu espírito.

Deixe meus braços
nos teus, perdidos
e veja como aquele amor
de outrora
jamais foi esquecido.

Mas, está aqui
bem aqui
nos teus olhos...


Gleice Solozabal



La vida es sueño...




La vida es sueño,
pero a veces estoy despierta.

Gleice Solozabal

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O tempo é muito lento para os que esperam...


O tempo é muito lento para os que esperam
Muito rápido para os que tem medo
Muito longo para os que lamentam
Muito curto para os que festejam
Mas, para os que amam, o tempo é eterno.


William Shakespeare

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Apenas silencio



Há tanto silencio em mim...
que os meus olhos vagam
à procura da minha própria voz.

Perdida aqui dentro da minha alma
cansada desse silencio
que sela meus lábios
com um beijo.

Queria tanto ouvi-la
dizer tudo o que sinto.
Mas como?
Se o que eu sinto
é apenas silencio.

Gleice Solozabal