sábado, 3 de novembro de 2012

Não sei o que aconteceu




Ouvi do vento uma canção
que de longe vinha...

Chegou aos meus ouvidos
tão fraca como a luz
que abre a escuridão
e antecede meus tristes passos.

Seria minha própria voz,
que de mim se distanciou
em algum momento em que não percebi
minha imagem se desfazer
entre as sombras e o silencio?

Em algum instante que te ouvi partir
sem que meus olhos se despedissem
das antigas memórias
que deixou em meu pensamento.

E em meu peito, uma dor velada
que percebo ainda existir
quando me lembro...
e ao ouvir do vento
que ainda não te esqueci. 

Gleice Solozabal.





sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Mais uma vez




Queria, mais uma vez
em meu corpo sentir
teus olhos quentes
namorando-me...
No silencio cansado 
das tuas vigílias.

Deixar-me por um momento
esquecida em teus noturnos braços
sem temer que se acenda a luz
e você desapareça em meu pensamento.

Como um sonho triste
que vagueia solitário
sem provar o sabor do vento
que um dia passou em meus secos lábios...

E deixou em mim a marca de quem espera
uma vez mais, apenas e mais uma vez...
mais uma vez ... um beijo teu...

Gleice Solozabal

terça-feira, 12 de junho de 2012

Encarnação


Como a estrela que desperta 
nos olhos negros do universo,
assim também é meu coração,
que sente a calidez deste corpo, 
adormecer o frio e a solidão.

Brotando dos abismos
sonhos imortais
que conduzem
ao caminho do meu segredo...

Aos espaços velados da minha alma
submersa em teus braços
e das minhas mãos
perdidas no silencio do teu rosto

Buscando o contorno dos teus lábios,
encarnados na musica profunda
de um beijo teu.

Vivendo a tua presença,
nos jardins mortos do meu pensamento,
tocando meus olhos hirtos,
sepultados no esquecimento...

Enquanto tua voz
habita em mim, constante
propagando esta canção intensa,
nos templos mudos da escuridão

Fazendo-me amá-lo a cada instante,
transformando meu sonho 
em sangue,
correndo em tuas veias,
destilando em minha boca
o gosto do teu amor
e a morte da minha solidão.

Gleice Solozabal


quinta-feira, 24 de maio de 2012

Distante



Minha voz tem a qualidade do silencio,
cala-se quando é preciso
para apenas ouvir e perceber
a beleza das coisas mais simples.

Para ver além das notas 
de uma  canção não tocada
que nem tudo termina quando 
não há nada mais para se dizer

É apenas uma pausa,
ora longa e indelicada,
ora breve e sutil...

De uma sutileza, que,
de tão imperceptível me assusta
ao perceber uma outra voz 
lá no fundo
me pedindo para ficar. 


Gleice Almeida Solozabal.







segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Tempo e distância



Algum sonho meu
parou no ar, distante de mim
como a lembrança
de um tempo perdido.

Está distante e não sei 
se o alcançarei novamente
da mesma forma e intensidade
com que hoje o vejo
ficar tão longe de mim.

Tão longe que não o percebo mais
como parte da minha vida
apesar da terrível saudade
que sinto do que poderia ter sido um dia...

Esse sonho,
esse simples sonho
na minha vida.


Gleice Solozabal







sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Enquanto você me amar...




Enquanto você me amar
estará presente em todos
os meus pensamentos,
mesmo escondido entre
as vagas memórias
de vários momentos.

Enquanto você me amar,
ficará guardado
em meus lábios
a cada beijo pedido
e ainda mais naquele
que foi roubado.

Enquanto você me amar
estarei sempre assim,
agarrada a essa fraca
condição de sonhar
porque tenho a certeza
que por mais que haja desencantos
eu sempre vou te amar...

Enquanto você me amar
terei a doce ilusão
de que tudo, nunca
vai acabar...

E assim viverei nela,
por toda a minha vida

Enquanto você me amar...

Gleice Solozabal