terça-feira, 30 de novembro de 2010

No porto da saudade



Não sei aonde vou
com os meus olhos cansados
em não ver-te chegar.
Das águas turvas
em que resolves-te
se aventurar.

Bem longe, dos meus braços
das minhas mãos
que buscam sempre
te alcançar.

Assim, como num sonho
em que tudo é tão próximo
e, ao mesmo tempo
tão distante.

Como o teu beijo último
que ainda sinto,
em meus lábios pousar.
Doce, perdido
como a solitária ave
que voa pelo mar.

Gleice Solozabal

domingo, 28 de novembro de 2010

Apelo




Meus desejos, meus sonhos
todos são tão ocultos
que nem eu mesma
sei dizer quais são...

Tão fugidios e silenciosos
deslizam pelos meus olhos,
parados
e se refugiam no meu pobre coração.

meu coração...

Que bate apenas para viver,
e não mais para sonhar?

Aonde estão?
Dizei-me!
Antes que os meus olhos
cansados
não tenham mais forças
para procurar...

O que sei que dentro de mim está,
em algum lugar
entre o medo de viver
e o anseio de sonhar.

Gleice Solozabal

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Até breve?




No teu olhar,
por que não vejo
nada além de uma
despedida?

Por que, dizei-me
assim,
em teu terno silencio
que tão logo
haverá a tua partida?

Deixando-me tão sozinha
antes mesmo
que a tua ausência
se consuma em minha vida.

Dizei-me se alguma coisa
poderei fazer para evitar
que a tua distancia
se torne um motivo
a mais para chorar.

Até que todas as lembranças
se cicatrizem
em meus olhos cansados,
em tuas mãos feridas
por um medo confuso
de uma breve despedida.

Gleice Solozabal








domingo, 7 de novembro de 2010

A espera...


Deixei teu rosto guardado
aqui, em algum lugar
da minha memória.

Até que volte
em algum tempo,
que não seja tão distante
da nossa história.

Está guardado
como um segredo
que revelo apenas
nas frias noites
do meu silencio.

Apenas, quando percebo
a solidão
que o meu coração parte
nesse medo infindável
de que não voltes
de que eu viva apenas
de saudades.

Meu amor, tua imagem
aqui em meu peito
sempre estará
mesmo que de mim
se tenha esquecido
e não penses mais
em um dia voltar.

Gleice Solozabal




sábado, 6 de novembro de 2010

Naquela noite de inverno


Quando percebi seu rosto
banhado pelo luar
não sabia ao certo
se era real ou se na verdade
estava a sonhar.

Pela primeira vez
consegui enxergar
a beleza translúcida
que emanava do teu olhar.

Naquele momento não consegui
deixar de me apaixonar.
Mesmo após tantos encontros
foi naquele momento
que comecei a te amar.

Naquela noite de inverno
jamais esquecida
porque em teus doces olhos
descobri, sem querer,
a razão da minha vida.


Gleice Almeida Solozabal.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

É só olhar...


Eu sou um sonho
que se perdeu no tempo,
no meu próprio silencio,
demasiado e contínuo.

Desencontrada dos
meus próprios sonhos
sabendo para onde ir
mas sem saber como chegar

Me perdi de mim
e estou tão sozinha
sem saber como me encontrar.
Sem saber, aonde minha alma está...

Aqui mesmo,
dentro do meu peito,
mas como faço, afinal
para enxergar o que sei
que diante de mim está

Sei que é só olhar,
é só olhar,
é só olhar...

Gleice Solozabal

Quando os frios amam



Por que estaria só, assim
num sonho que não termina?
Se os sonhos não conseguem ser
senão compartilhados...

Mesmo no coração mais frio
de desejos mais escusos
está o mais secreto,
de experimentar a vida e a morte
com alguém, por vezes,
ainda não revelado

Mas, quando este se revela
entre as sombras de um doce
medo infundado....
Seus olhos vibram
à medida do abismo
e nele se afunda, sempre...

Eis aí, o sonho revelado,
na treva do teu seio
que se descobre,
de alguma forma e sempre,
mudado...

Gleice Solozabal








segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ausência - Vinicius de Moraes




Eu deixarei que morra em mim o desejo
de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa
de me veres eternamente exausto
No entanto a tua presença é qualquer coisa
como a luz e a vida

E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto
e em minha voz a tua voz
Não te quero ter porque
em meu ser está tudo terminado.
Quero só que surjas em mim
como a fé nos desesperados

Para que eu possa levar uma gota de orvalho
nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne
como uma nódoa do passado.
Eu deixarei ... tu irás e encostarás
a tua face em outra face

Teus dedos enlaçarão outros dedos
e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu,
porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei a minha face
na face da noite e ouvi a tua fala amorosa

Porque meus dedos enlaçaram os dedos
da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência
do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só
como os veleiros nos portos silenciosos

Mas eu te possuirei mais que ninguém
porque poderei partir
E todas as lamentações do mar,
do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente,
a tua voz serenizada.

Vinicius de Moraes

domingo, 24 de outubro de 2010

Efemeridade



Olho-me no espelho
e não vejo nada
além das sombras
do meu pensamento,

vagando, silencioso
neste triste sentimento
que do meu peito
desperta,
sem medo

prendendo-me
em um mundo paralelo
ao que estou vivendo

E mesmo tão presa
tão impotente
luto para sair
e viver um pouco
o que há além de mim

pois não há muito tempo,
quando menos se espera
tudo cessa,
tudo se vai
como levado pelo vento.

Gleice Solozabal

Desprecio


No sé lo que mi corazón
quiere decir,
pero veo sus labios
en fuertes gritos de dolor.

Como deseo tu voz oír
acá em mi pecho
pero no lo escucho
no lo siento
no lo veo

Creo que está muerto
y yo solo olvidé
sin saber
lo que tanto
él queria decir.

Gleice Solozabal

Pertubação




Deixe meus sonhos
caírem em suas mãos
doces como o mel
venenosos como um ferrão.

deixe que se impregne
nos teus enganosos lábios
nestes olhos mentirosos
de falso desagrado

Em ver-me assim,
tão perto de ti

Do teu corpo, estremecido
invadindo tua
inconstante presença
com todo o meu corpo
e todo o meu espírito.

Deixe meus braços
nos teus, perdidos
e veja como aquele amor
de outrora
jamais foi esquecido.

Mas, está aqui
bem aqui
nos teus olhos...


Gleice Solozabal



La vida es sueño...




La vida es sueño,
pero a veces estoy despierta.

Gleice Solozabal

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O tempo é muito lento para os que esperam...


O tempo é muito lento para os que esperam
Muito rápido para os que tem medo
Muito longo para os que lamentam
Muito curto para os que festejam
Mas, para os que amam, o tempo é eterno.


William Shakespeare

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Apenas silencio



Há tanto silencio em mim...
que os meus olhos vagam
à procura da minha própria voz.

Perdida aqui dentro da minha alma
cansada desse silencio
que sela meus lábios
com um beijo.

Queria tanto ouvi-la
dizer tudo o que sinto.
Mas como?
Se o que eu sinto
é apenas silencio.

Gleice Solozabal

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A vida é um sonho...


A vida é um sonho
tão próximo da realidade,
que algumas vezes
se confunde a ela.
Quando isso acontece
chamamos de felicidade!

Gleice Solozabal

Presença



Dizei-me o que há em mim
que não vejo outro destino
a não ser estar bem perto de ti?

Mesmo em iludidos momentos
em que paro para te perceber
e constatar que não vives
apenas em meu pensamento.

Mas está aqui, ao meu lado
olhando-me em segredo
em discretos sorrisos
dos quais não percebo...

Às vezes,

entre a minha distancia
e o teu silencio,
tão calmo, pedindo-me
nessas surdas palavras
para não te esquecer
e apenas
te amar...

Gleice Solozabal




domingo, 26 de setembro de 2010

Eu Sei Que Vou te Amar



Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Prá te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida

Tom Jobim

Composição: Tom Jobim / Vinícius de Moraes

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Nostalgia


Não sei o que há em mim
não tenho pensado muito e
vivo os dias sem nenhum encanto...
Sem grandes risadas,
sem silenciosos prantos.

Não vejo mais aquela menina que
pega de surpresa, dizia estar
apenas, pensando...


Em que lugar meus olhos se perderam,
que não enxergo mais as doces ilusões
e a magia fugaz de sutis momentos?

Sinto-me perdida,
cruelmente aprisionada
na realidade dos meus dias
sem a liberdade dos meus sonhos
que dão algum sentido à minha vida.

Desejo, profundamente, ser de novo
aquela menina, que via um universo
tão somente em seus olhos furtivos
cheios de incógnitas, de reversos,
de suaves e delicados desvarios...

Sei, que apesar de tudo, ela ainda está aqui
vagando nos inertes ventos do meu espírito
esperando algum momento para retornar
deslizando docemente entre o meu pensamento
e o meu desejo de voltar, como antes, a sonhar...

Gleice Solozabal






domingo, 19 de setembro de 2010

Dois amantes...


Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza.

Pablo Neruda

Sem palavras


Não sei ao certo
o que dizer nesse momento
em que pela primeira vez
vejo teus olhos além do espelho.

Agora só sei dizer:
Silencio...

Mais nada.

Deixa que os corpos falem
na medida do desejo
da minha alma
do meu anseio

em estar em você
assim como
você está em mim.

Mais nada.

Gleice Solozabal.

domingo, 12 de setembro de 2010

Amar:


Amar:

Fechei os olhos para não te ver
e a minha boca para não dizer...
E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...

O amor é quando a gente mora um no outro.

Mario Quintana.

Finitude...





Não sei dizer ao certo
o quanto amo você.

Mas sei que não queria
que fosse tanto assim.

Talvez, pelo bobo medo
de te perder...

Em algum momento
da minha vida.

Não quero pensar nisso agora
quero apenas viver
o que há de melhor em mim
em você...

E esquecer que tudo acaba
um dia com a chegada da morte
ou no meio da vida...

E espero profundamente
que não seja por este.

Gleice Solozabal

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Rivers of Lust, Tarja Turunen

Valsa




Assim abandonada em teus braços
me deixo guiar
nessa vertiginosa dança
sem medo de amar...

Amar enquanto ainda há vida
e podemos nos embriagar desse amor
doce e venenoso
até o momento de nossa partida...

Até a morte,
a unica mulher,
jamais iludida....

Gleice Solozabal

Meus sonhos me devoram



Sonhar vivendo é bom,
mas viver sonhando é ilusão!

Literatura Fantástica

Entre as cinzas



Não deixei meu sapato
como rastro do meu destino
Não quis ser encontrada
por um príncipe,
que não passa de desvario

Não quero me iludir,
por isso meus pés
não estão descalços
e não me ponho a mirar
as portas esperando
que elas se abram
para que eu possa sair.

Preciso viver por mim
ao mesmo tempo que
não consigo evitar
pensar em alguém
não muito longe daqui.

Em um lugar do qual
não deixei meus sapatos
mas um pensamento
sutil,
entre minha razão
e meu inevitável sentimento.

Gleice Solozabal