domingo, 6 de março de 2011

Não havia tanto silencio em mim



Não reconheço mais
aqueles olhos tão profundos
que agora se furtam aos meus
como, se nada mais, houvesse entre nós.

Se escondem, deslizando pelas sombras
num silencio confuso
que embarga a minha voz.

E fico sem saber o que pensar o que dizer,
perdida entre a densa névoa
que vejo turvar os teus olhos
enquanto a noite se aproxima em sua alma
sem que eu possa ver um amanhecer.

O que poderei fazer, se a distância,
de mim, já se apossou por inteiro,
tornando-se o único elo entre nós,
como em um sonho; vazio
em que não vejo teus olhos,
não sinto teu corpo...
não ouço nem ao menos ... a tua voz...

Gleice Solozabal.





2 comentários:

  1. Com esse poema sentido, denso, queixoso, romântico, volto a me encantar com uma de minhas poetisas prediletas!
    Esse não reconhecimento, esse afastamento, esse não saber o que pensar... - são expressões profundas de uma perda não reconhecida, pois é verdade: a distância já passou a ser o único elo...
    Uma força poética extraordinária! Maravilhoso voltar a lê-la!
    Um beijo carinhoso
    Lello

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  2. Magnífico... A distância, a ausência o encontro são mesmo uma mistura incrível e apresentam uma linha tênue. Adorei o jogo nos versos "O que poderei fazer, se a distância,de mim,já se apossou por inteiro,", faz-nos pensar no afastamento de nós mesmos para nos conhecermos melhor e dessa insuficiência que não nos leva a nenhum lugar.

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