Não reconheço mais
aqueles olhos tão profundos
que agora se furtam aos meus
como, se nada mais, houvesse entre nós.
Se escondem, deslizando pelas sombras
num silencio confuso
que embarga a minha voz.
E fico sem saber o que pensar o que dizer,
perdida entre a densa névoa
que vejo turvar os teus olhos
enquanto a noite se aproxima em sua alma
sem que eu possa ver um amanhecer.
O que poderei fazer, se a distância,
de mim, já se apossou por inteiro,
tornando-se o único elo entre nós,
como em um sonho; vazio
em que não vejo teus olhos,
não sinto teu corpo...
não ouço nem ao menos ... a tua voz...
Gleice Solozabal.
Com esse poema sentido, denso, queixoso, romântico, volto a me encantar com uma de minhas poetisas prediletas!
ResponderExcluirEsse não reconhecimento, esse afastamento, esse não saber o que pensar... - são expressões profundas de uma perda não reconhecida, pois é verdade: a distância já passou a ser o único elo...
Uma força poética extraordinária! Maravilhoso voltar a lê-la!
Um beijo carinhoso
Lello
Magnífico... A distância, a ausência o encontro são mesmo uma mistura incrível e apresentam uma linha tênue. Adorei o jogo nos versos "O que poderei fazer, se a distância,de mim,já se apossou por inteiro,", faz-nos pensar no afastamento de nós mesmos para nos conhecermos melhor e dessa insuficiência que não nos leva a nenhum lugar.
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