terça-feira, 12 de junho de 2012

Encarnação


Como a estrela que desperta 
nos olhos negros do universo,
assim também é meu coração,
que sente a calidez deste corpo, 
adormecer o frio e a solidão.

Brotando dos abismos
sonhos imortais
que conduzem
ao caminho do meu segredo...

Aos espaços velados da minha alma
submersa em teus braços
e das minhas mãos
perdidas no silencio do teu rosto

Buscando o contorno dos teus lábios,
encarnados na musica profunda
de um beijo teu.

Vivendo a tua presença,
nos jardins mortos do meu pensamento,
tocando meus olhos hirtos,
sepultados no esquecimento...

Enquanto tua voz
habita em mim, constante
propagando esta canção intensa,
nos templos mudos da escuridão

Fazendo-me amá-lo a cada instante,
transformando meu sonho 
em sangue,
correndo em tuas veias,
destilando em minha boca
o gosto do teu amor
e a morte da minha solidão.

Gleice Solozabal


quinta-feira, 24 de maio de 2012

Distante



Minha voz tem a qualidade do silencio,
cala-se quando é preciso
para apenas ouvir e perceber
a beleza das coisas mais simples.

Para ver além das notas 
de uma  canção não tocada
que nem tudo termina quando 
não há nada mais para se dizer

É apenas uma pausa,
ora longa e indelicada,
ora breve e sutil...

De uma sutileza, que,
de tão imperceptível me assusta
ao perceber uma outra voz 
lá no fundo
me pedindo para ficar. 


Gleice Almeida Solozabal.







segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Tempo e distância



Algum sonho meu
parou no ar, distante de mim
como a lembrança
de um tempo perdido.

Está distante e não sei 
se o alcançarei novamente
da mesma forma e intensidade
com que hoje o vejo
ficar tão longe de mim.

Tão longe que não o percebo mais
como parte da minha vida
apesar da terrível saudade
que sinto do que poderia ter sido um dia...

Esse sonho,
esse simples sonho
na minha vida.


Gleice Solozabal







sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Enquanto você me amar...




Enquanto você me amar
estará presente em todos
os meus pensamentos,
mesmo escondido entre
as vagas memórias
de vários momentos.

Enquanto você me amar,
ficará guardado
em meus lábios
a cada beijo pedido
e ainda mais naquele
que foi roubado.

Enquanto você me amar
estarei sempre assim,
agarrada a essa fraca
condição de sonhar
porque tenho a certeza
que por mais que haja desencantos
eu sempre vou te amar...

Enquanto você me amar
terei a doce ilusão
de que tudo, nunca
vai acabar...

E assim viverei nela,
por toda a minha vida

Enquanto você me amar...

Gleice Solozabal

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Lábios cerrados


Por que há tanto silencio em mim?
Por que me deixei calar,
enterrando minha voz
em algum abismo
no fundo do mar...

Da minha alma,
sepultada em uma espera
que não sei precisar
mas que, às vezes, se faz tão constante
nestes doces olhos cansados de chorar.

O que sei de mim?
se meu corpo flutua em um espaço
que não sei mensurar
apenas flutuo, sem destino
por um puro e terrível medo...
de sonhar.

Apenas sonhar,
vivendo neste sonho
sem qualquer medo de acordar...


Gleice Solozabal

domingo, 12 de junho de 2011

Retorno


Só não choro com a tua ausência
porque o perfume que em meu corpo deixou
naquele abraço de despedida
é o suficiente para me lembrar
que, em breve você voltará para a minha vida.

Só não choro meu amor
porque o gosto que em minha boca deixou
naquele beijo de partida
é o suficiente para me lembrar
que, em breve você voltará para a nossa vida.

Tão suave como o vento que a manhã desperta
sem fazer da doce vigília, apenas...
uma noite esquecida.

Gleice Solozabal

sábado, 12 de março de 2011

Abstração

Há uma tristeza,
que vejo em mim habitar,
persistente,
se escondendo, as vezes,
no silencio dos meus lábios
ao mesmo tempo em que se revela,
sem pudor, nas frestas do meu olhar.

E nos meus olhos vem dançar,
em tênues oscilações,
me arrastando e me trazendo
como as ondas de um revolto mar.

Acabo me perdendo,
não sei se sou triste ou se é
apenas um momento em que
parei para pensar...

Na distancia que sinto
em perceber
que não pertenço a nenhum lugar.

Gleice Solozabal.



domingo, 6 de março de 2011

Não havia tanto silencio em mim



Não reconheço mais
aqueles olhos tão profundos
que agora se furtam aos meus
como, se nada mais, houvesse entre nós.

Se escondem, deslizando pelas sombras
num silencio confuso
que embarga a minha voz.

E fico sem saber o que pensar o que dizer,
perdida entre a densa névoa
que vejo turvar os teus olhos
enquanto a noite se aproxima em sua alma
sem que eu possa ver um amanhecer.

O que poderei fazer, se a distância,
de mim, já se apossou por inteiro,
tornando-se o único elo entre nós,
como em um sonho; vazio
em que não vejo teus olhos,
não sinto teu corpo...
não ouço nem ao menos ... a tua voz...

Gleice Solozabal.





domingo, 13 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

ANJO CAÍDO


Seria eu, um anjo caído, de suas mãos?
Desencontrada de minha tola sacralidade,
que deixei esquecida,
para morrer em minha falta de razão?

Experimentando todas as vaidades mortais,
sem medo da culpa, da punição,
dos julgamentos morais.

Para viver um instante em teus braços
os restos de uma eternidade fugaz,
que se vai com o tempo
sem deixar nada para trás...

Gleice Solozabal.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

No porto da saudade



Não sei aonde vou
com os meus olhos cansados
em não ver-te chegar.
Das águas turvas
em que resolves-te
se aventurar.

Bem longe, dos meus braços
das minhas mãos
que buscam sempre
te alcançar.

Assim, como num sonho
em que tudo é tão próximo
e, ao mesmo tempo
tão distante.

Como o teu beijo último
que ainda sinto,
em meus lábios pousar.
Doce, perdido
como a solitária ave
que voa pelo mar.

Gleice Solozabal

domingo, 28 de novembro de 2010

Apelo




Meus desejos, meus sonhos
todos são tão ocultos
que nem eu mesma
sei dizer quais são...

Tão fugidios e silenciosos
deslizam pelos meus olhos,
parados
e se refugiam no meu pobre coração.

meu coração...

Que bate apenas para viver,
e não mais para sonhar?

Aonde estão?
Dizei-me!
Antes que os meus olhos
cansados
não tenham mais forças
para procurar...

O que sei que dentro de mim está,
em algum lugar
entre o medo de viver
e o anseio de sonhar.

Gleice Solozabal

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Até breve?




No teu olhar,
por que não vejo
nada além de uma
despedida?

Por que, dizei-me
assim,
em teu terno silencio
que tão logo
haverá a tua partida?

Deixando-me tão sozinha
antes mesmo
que a tua ausência
se consuma em minha vida.

Dizei-me se alguma coisa
poderei fazer para evitar
que a tua distancia
se torne um motivo
a mais para chorar.

Até que todas as lembranças
se cicatrizem
em meus olhos cansados,
em tuas mãos feridas
por um medo confuso
de uma breve despedida.

Gleice Solozabal








domingo, 7 de novembro de 2010

A espera...


Deixei teu rosto guardado
aqui, em algum lugar
da minha memória.

Até que volte
em algum tempo,
que não seja tão distante
da nossa história.

Está guardado
como um segredo
que revelo apenas
nas frias noites
do meu silencio.

Apenas, quando percebo
a solidão
que o meu coração parte
nesse medo infindável
de que não voltes
de que eu viva apenas
de saudades.

Meu amor, tua imagem
aqui em meu peito
sempre estará
mesmo que de mim
se tenha esquecido
e não penses mais
em um dia voltar.

Gleice Solozabal




sábado, 6 de novembro de 2010

Naquela noite de inverno


Quando percebi seu rosto
banhado pelo luar
não sabia ao certo
se era real ou se na verdade
estava a sonhar.

Pela primeira vez
consegui enxergar
a beleza translúcida
que emanava do teu olhar.

Naquele momento não consegui
deixar de me apaixonar.
Mesmo após tantos encontros
foi naquele momento
que comecei a te amar.

Naquela noite de inverno
jamais esquecida
porque em teus doces olhos
descobri, sem querer,
a razão da minha vida.


Gleice Almeida Solozabal.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

É só olhar...


Eu sou um sonho
que se perdeu no tempo,
no meu próprio silencio,
demasiado e contínuo.

Desencontrada dos
meus próprios sonhos
sabendo para onde ir
mas sem saber como chegar

Me perdi de mim
e estou tão sozinha
sem saber como me encontrar.
Sem saber, aonde minha alma está...

Aqui mesmo,
dentro do meu peito,
mas como faço, afinal
para enxergar o que sei
que diante de mim está

Sei que é só olhar,
é só olhar,
é só olhar...

Gleice Solozabal

Quando os frios amam



Por que estaria só, assim
num sonho que não termina?
Se os sonhos não conseguem ser
senão compartilhados...

Mesmo no coração mais frio
de desejos mais escusos
está o mais secreto,
de experimentar a vida e a morte
com alguém, por vezes,
ainda não revelado

Mas, quando este se revela
entre as sombras de um doce
medo infundado....
Seus olhos vibram
à medida do abismo
e nele se afunda, sempre...

Eis aí, o sonho revelado,
na treva do teu seio
que se descobre,
de alguma forma e sempre,
mudado...

Gleice Solozabal








segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ausência - Vinicius de Moraes




Eu deixarei que morra em mim o desejo
de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa
de me veres eternamente exausto
No entanto a tua presença é qualquer coisa
como a luz e a vida

E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto
e em minha voz a tua voz
Não te quero ter porque
em meu ser está tudo terminado.
Quero só que surjas em mim
como a fé nos desesperados

Para que eu possa levar uma gota de orvalho
nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne
como uma nódoa do passado.
Eu deixarei ... tu irás e encostarás
a tua face em outra face

Teus dedos enlaçarão outros dedos
e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu,
porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei a minha face
na face da noite e ouvi a tua fala amorosa

Porque meus dedos enlaçaram os dedos
da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência
do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só
como os veleiros nos portos silenciosos

Mas eu te possuirei mais que ninguém
porque poderei partir
E todas as lamentações do mar,
do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente,
a tua voz serenizada.

Vinicius de Moraes

domingo, 24 de outubro de 2010

Efemeridade



Olho-me no espelho
e não vejo nada
além das sombras
do meu pensamento,

vagando, silencioso
neste triste sentimento
que do meu peito
desperta,
sem medo

prendendo-me
em um mundo paralelo
ao que estou vivendo

E mesmo tão presa
tão impotente
luto para sair
e viver um pouco
o que há além de mim

pois não há muito tempo,
quando menos se espera
tudo cessa,
tudo se vai
como levado pelo vento.

Gleice Solozabal

Desprecio


No sé lo que mi corazón
quiere decir,
pero veo sus labios
en fuertes gritos de dolor.

Como deseo tu voz oír
acá em mi pecho
pero no lo escucho
no lo siento
no lo veo

Creo que está muerto
y yo solo olvidé
sin saber
lo que tanto
él queria decir.

Gleice Solozabal

Pertubação




Deixe meus sonhos
caírem em suas mãos
doces como o mel
venenosos como um ferrão.

deixe que se impregne
nos teus enganosos lábios
nestes olhos mentirosos
de falso desagrado

Em ver-me assim,
tão perto de ti

Do teu corpo, estremecido
invadindo tua
inconstante presença
com todo o meu corpo
e todo o meu espírito.

Deixe meus braços
nos teus, perdidos
e veja como aquele amor
de outrora
jamais foi esquecido.

Mas, está aqui
bem aqui
nos teus olhos...


Gleice Solozabal



La vida es sueño...




La vida es sueño,
pero a veces estoy despierta.

Gleice Solozabal

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O tempo é muito lento para os que esperam...


O tempo é muito lento para os que esperam
Muito rápido para os que tem medo
Muito longo para os que lamentam
Muito curto para os que festejam
Mas, para os que amam, o tempo é eterno.


William Shakespeare

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Apenas silencio



Há tanto silencio em mim...
que os meus olhos vagam
à procura da minha própria voz.

Perdida aqui dentro da minha alma
cansada desse silencio
que sela meus lábios
com um beijo.

Queria tanto ouvi-la
dizer tudo o que sinto.
Mas como?
Se o que eu sinto
é apenas silencio.

Gleice Solozabal